quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O potencial da internet para o fortalecimento da democracia

É ampla e desafiadora a discussão acerca da internet como meio de fortalecimento da democracia. Muitos estudiosos se debruçam sobre o tema, entre eles José Antônio Gomes de Pinho. Em seu artigo “Sociedade da informação, capitalismo e sociedade civil: reflexões sobre política, internet e democracia na realidade brasileira” o autor apresenta a discussão dos aspectos otimistas e pessimista da internet como instrumento colaborativo da democracia. A partir da proposta do autor, vamos analisar a mesma perspectiva tomando como referencial o blog da presidente Dilma Roussef.



Ao citar Domingues (1999), o autor José Antônio Gomes Pinho (2011) identifica a visão dos otimistas e pessimistas. Segundo o autor, “para os otimistas, '(de)centralização, interatividade, multimidialidade, transnacionalidade e transculturalidade são oportunizadas pelas novas tecnologias'; já para os pessimistas gera-se 'isolamento, alienação, comercialização sem tréguas dos espaços públicos e privado, e o surgimento de novas formas de colonialismo digital e diferenças sociais de classe”. No blog da presidente, é possível observar ambos os elementos.




Os canais de comunicação identificados no blog são centralizadores. Não há muita interação, nem mesmo espaço para colaboração. Apesar de ser bilíngue, o que demonstra seu caráter transnacional, as informações postadas são pré-determinadas e há pouca interatividade. Há um link específico para o usuário enviar seu depoimento a favor do governo. O curioso é que o recurso de postagem não existe.




Como aspecto positivo é importante destacar o link para compartilhamento em redes sociais (Facebook e Twitter), como também para envio de mensagens SMS. O usuário pode indicar o blog enviando mensagens para o telefone celular de algum amigo como também pode cadastrar o seu número para receber novidades em seu aparelho. O internauta encontra link para criar seu próprio blog de apoio ao governo. No lado esquerdo, internauta encontra um box com tags com temas específicos que facilitam a navegação e a busca precisa de informações.




Após a analise, acreditamos que o blog precisa de uma reformulação. A imagem da presidente ainda está atrelada à candidatura ao governo, mesmo apresentando informações atualizadas. O blog pode e deve ser mais democrático e o internauta merece um espaço próprio e mais aberto para participar, bem como obter respostas aos seus possíveis questionamentos.


Gustavo Drumond, Isabela Elias, Isabela Marchesani

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

72% dos universitários brasileiros preferem navegar na internet a namorar



computador


A Cisco, multinacional da área de informática especializada em redes, realizou uma grande pesquisa em 14 países, entre eles o Brasil, sobre o comportamento dos jovens com relação à internet. Foram entrevistados universitários e jovens profissionais com idade de até 30 anos. Uma das mais surpreendentes revelações é a de que 72% dos universitários brasileiros entrevistados disseram que a internet é mais importante para eles do que namorar, sair com os amigos ou ouvir música. A média mundial nessa questão é de 40%.



A pesquisa mostra também que 65% dos universitários e 61% dos jovens profissionais brasileiros consideram a internet tão importate quanto alimento, ar, água e moradia. A média no resto do mundo é de 33%. Alé disso, 63% das pessoas entrevistadas no Brasil preferem ter internet a ter um carro - número dentro da média mundial.



Veja mais dados da pesquisa.

(fonte: www.jovensconectados.com.br)








terça-feira, 4 de outubro de 2011

Internet: lugar de encontro ou distanciamento?

A discussão sobre a internet como espaço de encontro, com seus prováveis benefícios ou malefícios, é contínua. Pensadores como Oliveira (2001) e Castells (2003) apresentam aspectos antropológicos que favorecem uma discussão cuidadosa sobre o assunto.

De acordo com Lidia Oliveira(2003), autora do artigo “A internet – a geração de um novo espaço antropológico”, a WWW (World Wide Web) é um novo espaço público, com característica real e virtual. Na perspectiva do espaço, a autora aponta o surgimento de um ambiente sem fronteiras e distrópico, que permite estar e não estar ao mesmo tempo. Além disso, há uma reorganização de identidades e o surgimento da chamada “inteligência coletiva”.

Em uma vertente semelhante, e ao mesmo tempo distinta, Manuel Castells (2003) ressalta a importância da internet. Para Castells, o contato oferecido entre indivíduos pela web possibilita a construção de um novo mundo. O autor de “Comunidades virtuais ou sociedade em rede?” reforça a necessidade de uma reflexão apurada acerca do senso comum, que aponta a internet como responsável pelo “colapso da comunicação social e da vida em família”.

Após esta breve síntese teórica, é importante destacar o resultado de uma pesquisa realizada com alunos da PUC Minas – unidade Coração Eucarística. Os entrevistados foram convidados a responder uma questão baseada nos textos dos autores citados acima: “a internet aproxima ou distancia as pessoas? Por que?”.

Para Marcel Queiroz, “a internet aproxima pessoas. Ela permite conhecer gente de Minas ou de fora do nosso Estado; principalmente de outros países”. Cristiane Simão considera que “a rede mundial aproxima os indivíduos de várias maneiras, em vários sentidos; porque, ao mesmo tempo que se está em frente ao computador, é possível falar com alguém em outro ponto do mundo, outra cidade; fazer novas amizades”.
Segundo Marcos Felipe, “a internet permite a aproximação das pessoas”. Para ele “é mais fácil achar alguém pela rede do que ir na casa dela ou mandar uma carta”. Henrique Melina reforça a opinião de Marcos e destaca a facilidade que a web oferece de fazer contatos.

Henrique e Bernardo são alunos de Direito. Os futuros advogados tem uma visão mais critica. O primeiro considera que a internet afasta as pessoas. “A impressão que se tem é que as relações permanecem no anonimato, não se sabe a expressão, a reação delas. Uma palavra ou duzentos e quarenta caracteres não traduzem a forma de pensar ou sentir”, afirmou Henrique. O segundo também acredita que a internet tem atrapalhado um pouco as relações interpessoais. “As pessoas estão focadas mais no virtual e na alienação da sua própria imagem. Os usuários se transfiguram em uma imagem, em algo que não são elas”, ressaltou Bernardo.

Andreia é aluna do sétimo período de Psicologia. Para ela, “a internet é um intermédio entre as pessoas. Nosso tempo é corrido e fica difícil encontrarmos com os amigos de infância. Pela internet o contato torna-se mais rápido”, afirma a estudante. O estudante Edmar, aluno do quinto período de Relações Públicas, concorda com a opinião de Andréia. Para ele, a rede mundial de computadores reduz a distância física e possibilita troca de informações, pesquisas, intercâmbio.

Bernardo Iani reforça as duas opiniões anteriores mas faz uma observação. Para ele, “internet é lugar de encontro, mas que deve ser conduzida de maneira equilibrada, sem excesso”. Pâmela Mariano, aluna do segundo período de Relações Públicas, também faz algumas críticas. De acordo com a aluna, “a internet aproxima e afasta as pessoas. Aproxima porque possibilita o reencontro de amigos de infância, mas afasta porque o usuário acaba de viciando e esquecendo do contato real com a família, amigos”.

Bruna e Helena, alunas do curso de Direito, reforçam a opinião sobre a internet como ferramenta de proximidade mas também demonstram a preocupação em relação aos exageros e a necessidade de se colocar limites necessários como a capacidade de discernimento sobre quem é amigo.

Quem não abre mão das relações reais, fora do âmbito da internet é o estudante Luiz Fernando, aluno do curso de direito. Para ele, “a internet possui as vertentes de aproximação e distanciamento, mas ele acredita na segunda e defende que o contato pessoal é fundamental para as pessoas realmente se conhecerem”.

Diante do que foi apresentado anteriormente fica claro que a discussão sobre a aproximação ou distanciamento de indivíduos não termina por aqui. Questões abordadas por Lídia Oliveira como a territorialidade, o espaço sem fronteiras e a construção de identidades foram identificados nas respostas, assim como elementos do senso comum, criticados por Castells. Esse aparente equilíbrio é um convite para continuidade da discussão, sem a preocupação em se chegar a uma resposta pronta, mas no desejo de alimentar e amadurecer o pensamento crítico.

Gustavo Drumond Araújo

Ouça as entrevistas:


Vamos pensar um pouco mais sobre o assunto. Assista o vídeo abaixo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Internet - as pessoas se afastam ou se aproximam?

Quando o assunto é comunidade virtual ou mesmo vida social na internet, há muitas controvérsias. No que diz respeito à opinião das pessoas entrevistadas sobre como a internet e as redes sociais afetam os relacionamentos, vemos que as opiniões são bastante variadas sobre o tema. De um lado, existem as pessoas que consideram que no cenário contemporâneo as pessoas cada vez mais utilizam seu tempo nas redes de relacionamento virtuais, em detrimento dos relacionamentos reais e diretos, o que de certa forma as distancia. No entanto, aparece também a ponderação de que as redes virtuais ampliam consideravelmente a rede social do indivíduo, uma vez que esta reúne  pessoas de diversos lugares do mundo, que se conheceram nos mais variados momentos da vida, facilitando uma aproximação que talvez não aconteceria pelas outras vias de comunicação. A questão pode, de fato, ser vista por diferentes pontos de vista, mas fica claro que em vários momentos as redes sociais “tiram” os indivíduos do meio real, de maneira que estes têm sua “atuação” virtual cada vez mais intensificada.
A internet nada mais é do que uma conseqüência, uma continuação do mundo real. Ela é real e ao mesmo tempo virtual. Castells dis que “É uma extensão da vida como ela é, em todas as suas dimensões e sob todas as suas modalidades” (CASTELLS, pág. 100). Nela, identidades são adaptadas e novas maneiras de se relacionar com os outros surgem a todo momento, como uma continuação daquilo que se passa no ambiente real. A idéia de uma comunidade baseada em estar fisicamente presente cada vez mais é substituída pela idéia de comunidade baseada em afinidades e interesses comuns. Estar fisicamente perto não significa que as pessoas serão amigas ou terão laços mais fortes.
Enquanto muitos dizem que a internet está conduzindo as pessoas a se tornarem solitárias e terem menos contatos físicos, os laços sociais foram reforçados. Mesmo que não estejam fisicamente presentes, no mundo da internet as pessoas tem mais interações com as outras, principalmente com aquelas que tem interesses em comum. Com a navegação freqüente, usuários tem mais informações sobre eventos, festas, teatros, cinemas etc e isso acaba gerando uma grande interação social. É muito mais fácil e cômodo conversar com um desconhecido no twitter, no MSN ou em outra rede virtual, pois se encontra justamente pessoas que tem o mesmo objetivo naquela situação e há possibilidades de construir um novo universo de referencias. 
As redes são montadas de acordo com as escolhas dos indivíduos e mesmo manter laços fracos não significa que não há laços. A internet é forte na manutenção desse laço que seria facilmente perdido se dependesse apenas da interação física. Ela também tem papel relevante nos laços fortes, já que muitas vezes é o instrumento mais fácil para estar presente.
As redes são fontes de informação, diversão e várias outras coisas que muitas vezes o sujeito sente falta em seu mundo real e acaba procurando isso na rede, onde encontra as informações de seu interesse de maneira rápida produzidas por pessoas que tem idéias semelhantes. A sociedade mudou e o que os indivíduos procuram agora é um sistema de valores que atenda aos seus objetivos próprios, que muitas vezes aqueles que estão próximos fisicamente não podem oferecer. Na web, novas solidariedades e novas formas de participação acontecem. Castells ainda diz que “As redes on-line, quando se estabilizam em sua prática, podem formar comunidades, comunidades virtuais, diferentes das físicas, mas não necessariamente menos intensas ou menos eficazes na criação de laços e na mobilização.” (CASTELLS, pág. 109).

Referencias bibliográficas:

CASTELLS, Manuel. A Galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. In: Comunidades virtuais ou sociedade de rede?

           SILVA, Lídia J. Oliveira da. A Internet – a geração de um novo espaço antropológico.  

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mídia - agendamento, cultura e temporalidade




O texto “Mídia: um aro, um halo e um elo” apresenta e analisa os meios de comunicação por sua inserção na vida das pessoas. A intenção dos autores Elton Antunes e Paulo Bernardes Vaz é discutir qual a dimensão que a mídia toma nas práticas sociais. A mídia se faz presente na sociedade e seus produtos refletem a realidade do seu contexto.


Mídia e agendamendo:

A mídia é um dispositivo que estabelece relações de agendamento e ao mesmo tempo cria uma hierarquia de temas, estabelecendo quais são os assuntos mais importantes. Muitas imagens e acontecimentos importantes se tornam esquecidos se a mídia não o mantém em pauta e da visibilidade a atribuições e enquadramentos estabelecidos.
Atualmente, um assunto muito comentado é o assassinato da juíza Patrícia Acioli. Por vários dias, vimos o assunto ser detalhado pela mídia, com entrevistas de profissionais, especialistas, parentes etc. As milícias, que alguns poucos anos atrás eram desconhecidos do grande público, ou tratadas como combatentes do tráfico passaram a ser tratadas de um ponto de vista diferente dessa vez. O agendamento não dá apenas visibilidade a algum caso específico, mas trata também de dar reconhecimento público a determinadas práticas.
Enquanto alguns fatos ganham todas as atenções da população, outros passam completamente desapercebidos. Esses fatos não despertam interesse, pois não são noticiados pela mídia. Esta, por sua vez, pauta assuntos para a vida das pessoas e vice-versa. Utilizando-se de alguns critérios próprios, os meios de comunicação decidem quais notícias serão anunciadas e, consequentemente, fornecem assuntos para discussão na esfera pública.
Uma mesma notícia é veiculada em diferentes meios, de maneiras diferentes, em continua dependência. Vê uma matéria no jornal nacional, lê os comentários no Twitter, vê atualizações nos portais da internet e assim por diante, de modo que esses veículos, sejam parceiros ou não, devem estar sempre atualizados sobre o que pauta as informações recebidas pela massa.

Mídia e cultura:

A mídia, ao mesmo tempo que é um lugar de experiências e fala delas, também faz parte dela. A mídia relacionada a cultura é um lugar de experiências. Ela tem um fluxo que articula pequenas narrativas que modelam a vida social.  
 A capacidade que a mídia tem de influenciar no que será noticiado mostra o importante papel que ela possui para a construção da realidade. A concepção do que é prioridade para os meios de comunicação acabam por definir o que é importante também para a sociedade. “A mídia é, então, algo capaz de transmissão que permite uma modalidade de experiência assentada no transporte e deslocamento incessante de signos” (ANTUNES, Elton. VAZ, Paulo B.)
Quando apresentada como lugar de transmissão e apontamento de sentidos, de reinterpretação de experiências e criação e partilhamento de representações, a mídia cria valores e costumes na sociedade. No texto há um exemplo das telenovelas, que une os indivíduos em um contexto que nos dá uma percepção de mundo pelas experiências ficcionais. A mídia padroniza e é um lugar ideal para isto.

Mídia e temporalidade:

As experiências das tradições compartilhadas permitem uma confluência de tempos e esses tempos que vivemos atualmente não são, necessariamente, contemporâneos entre si. Ao mesmo tempo em que a mídia oferece um padrão à atualidade, também propõe relações entre o passado e o futuro levando o receptor a “viajar” pelo tempo. “Vislumbramos a mídia, então, como uma forma de redescrever ou refigurar a experiência.” (ANTUNES, Elton. VAZ, Paulo B.). As retrospectivas que assistimos pela televisão, no final do ano, nos mostram aquele ano que passou pelas imagens marcantes, os acontecimentos históricos e relevantes, de acordo com a mídia e o senso comum produzido por ela.
A mídia, muitas vezes, apenas nutre e reforça aquilo que já era anteriormente compartilhado. Ao mesmo tempo em que ela dialoga com o dia-a-dia, ela não colhe da mesma maneira todos os discursos. A maneira com que ele nasce dará o peso que esse discurso terá. Se acima dissemos que a mídia é um lugar de experiências, podemos dizer também que é atravessada pela sua duração.


Bibliografia: ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo B. “Mídia: um aro, um halo e um elo”. In: FRANÇA, Vera; GUIMARÃES, César. Na mídia, na rua: narrativas do cotidiano. Belo Horizonte. Autêntica, 2006.