quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mídia - agendamento, cultura e temporalidade




O texto “Mídia: um aro, um halo e um elo” apresenta e analisa os meios de comunicação por sua inserção na vida das pessoas. A intenção dos autores Elton Antunes e Paulo Bernardes Vaz é discutir qual a dimensão que a mídia toma nas práticas sociais. A mídia se faz presente na sociedade e seus produtos refletem a realidade do seu contexto.


Mídia e agendamendo:

A mídia é um dispositivo que estabelece relações de agendamento e ao mesmo tempo cria uma hierarquia de temas, estabelecendo quais são os assuntos mais importantes. Muitas imagens e acontecimentos importantes se tornam esquecidos se a mídia não o mantém em pauta e da visibilidade a atribuições e enquadramentos estabelecidos.
Atualmente, um assunto muito comentado é o assassinato da juíza Patrícia Acioli. Por vários dias, vimos o assunto ser detalhado pela mídia, com entrevistas de profissionais, especialistas, parentes etc. As milícias, que alguns poucos anos atrás eram desconhecidos do grande público, ou tratadas como combatentes do tráfico passaram a ser tratadas de um ponto de vista diferente dessa vez. O agendamento não dá apenas visibilidade a algum caso específico, mas trata também de dar reconhecimento público a determinadas práticas.
Enquanto alguns fatos ganham todas as atenções da população, outros passam completamente desapercebidos. Esses fatos não despertam interesse, pois não são noticiados pela mídia. Esta, por sua vez, pauta assuntos para a vida das pessoas e vice-versa. Utilizando-se de alguns critérios próprios, os meios de comunicação decidem quais notícias serão anunciadas e, consequentemente, fornecem assuntos para discussão na esfera pública.
Uma mesma notícia é veiculada em diferentes meios, de maneiras diferentes, em continua dependência. Vê uma matéria no jornal nacional, lê os comentários no Twitter, vê atualizações nos portais da internet e assim por diante, de modo que esses veículos, sejam parceiros ou não, devem estar sempre atualizados sobre o que pauta as informações recebidas pela massa.

Mídia e cultura:

A mídia, ao mesmo tempo que é um lugar de experiências e fala delas, também faz parte dela. A mídia relacionada a cultura é um lugar de experiências. Ela tem um fluxo que articula pequenas narrativas que modelam a vida social.  
 A capacidade que a mídia tem de influenciar no que será noticiado mostra o importante papel que ela possui para a construção da realidade. A concepção do que é prioridade para os meios de comunicação acabam por definir o que é importante também para a sociedade. “A mídia é, então, algo capaz de transmissão que permite uma modalidade de experiência assentada no transporte e deslocamento incessante de signos” (ANTUNES, Elton. VAZ, Paulo B.)
Quando apresentada como lugar de transmissão e apontamento de sentidos, de reinterpretação de experiências e criação e partilhamento de representações, a mídia cria valores e costumes na sociedade. No texto há um exemplo das telenovelas, que une os indivíduos em um contexto que nos dá uma percepção de mundo pelas experiências ficcionais. A mídia padroniza e é um lugar ideal para isto.

Mídia e temporalidade:

As experiências das tradições compartilhadas permitem uma confluência de tempos e esses tempos que vivemos atualmente não são, necessariamente, contemporâneos entre si. Ao mesmo tempo em que a mídia oferece um padrão à atualidade, também propõe relações entre o passado e o futuro levando o receptor a “viajar” pelo tempo. “Vislumbramos a mídia, então, como uma forma de redescrever ou refigurar a experiência.” (ANTUNES, Elton. VAZ, Paulo B.). As retrospectivas que assistimos pela televisão, no final do ano, nos mostram aquele ano que passou pelas imagens marcantes, os acontecimentos históricos e relevantes, de acordo com a mídia e o senso comum produzido por ela.
A mídia, muitas vezes, apenas nutre e reforça aquilo que já era anteriormente compartilhado. Ao mesmo tempo em que ela dialoga com o dia-a-dia, ela não colhe da mesma maneira todos os discursos. A maneira com que ele nasce dará o peso que esse discurso terá. Se acima dissemos que a mídia é um lugar de experiências, podemos dizer também que é atravessada pela sua duração.


Bibliografia: ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo B. “Mídia: um aro, um halo e um elo”. In: FRANÇA, Vera; GUIMARÃES, César. Na mídia, na rua: narrativas do cotidiano. Belo Horizonte. Autêntica, 2006.

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